De que forma a nossa infância pode influenciar a pessoa adulta que somos?
- info6056233
- 17 de jun
- 2 min de leitura
A infância é a base do edifício que somos enquanto pessoas adultas. Mais do que uma fase de crescimento físico, é um período de formação emocional, mental e relacional. A forma como fomos vistos, cuidados e escutados na infância ecoa nas decisões, nos vínculos e nos medos que carregamos mais tarde.
Memórias implícitas e moldagem do eu
A neurociência afetiva, através dos estudos de autores como Allan Schore e Bruce Perry, mostra que experiências precoces moldam o desenvolvimento do cérebro, especialmente nas zonas ligadas à autorregulação, empatia e confiança. Muitas dessas experiências ficam registadas como memórias implícitas, ou seja, inconscientes, mas orientam o nosso comportamento sem que nos demos conta. Por exemplo, uma criança que cresceu num ambiente instável pode tornar-se um adulto com dificuldade em confiar ou em sentir segurança emocional.

Carl Gustav Jung introduziu a noção da "criança interior", uma parte do nosso inconsciente que guarda as experiências emocionais não integradas da infância. Esta criança, se não escutada, pode manifestar-se em padrões repetitivos, medos irracionais, bloqueios ou exigências internas excessivas.
Nas sessões de hipnoterapia clínica, acedemos diretamente a essa parte interior que ainda procura colo, validação ou reconhecimento.
Relação com cuidadores: espelho de relações futuras
A teoria do apego, formulada por John Bowlby, demonstra que a qualidade da relação com as figuras cuidadoras (pai, mãe, avós) estabelece um modelo interno de relação. Este modelo influencia as nossas amizades, parcerias amorosas, relações no trabalho e até a forma como nos tratamos a nós mesmos.
É por isso que, nos meus acompanhamentos, frequentemente voltamos à infância, não para culpar, mas para compreender, integrar e prosperar cada vez mais.
Feridas da infância e sintomas da vida adulta
Muitas dificuldades que surgem na vida adulta, como baixa autoestima, ansiedade, procrastinação, dependência emocional ou até doenças psicossomáticas, têm raízes nas feridas emocionais da infância. Feridas como rejeição, abandono, humilhação, traição ou injustiça, como bem explora Lise Bourbeau na sua obra, criam mecanismos de defesa que nos limitam.
Não podemos voltar atrás no tempo, mas podemos recontar a história. Com o suporte da hipnose clínica, por exemplo, é possível aceder a experiências emocionais profundas e ressignificá-las, criando novas associações no cérebro. Esta plasticidade emocional é sustentada pela própria neuroplasticidade cerebral.
A infância não é um destino fechado, mas um ponto de partida. Quanto mais conscientes formos das marcas que ficaram, mais livres nos tornamos para escolher novos caminhos.
Se sentes que estás a viver reações que não compreendes ou padrões que se repetem, talvez esteja na hora de escutar a tua criança interior.
Nos meus acompanhamentos, criamos espaço seguro para acolher essa parte de ti e abrir novas possibilidades.
Clica em saber mais que eu vou contigo.
Até já,
Cristiana Rodrigues Pereira



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